É noite, noite de natal, o escuro esmorece às mãos da luz que o toma de coração cheio e não a abandona ao calor do que sofre.
Ao longe, o chocalho salpica o silêncio que a noite tão espacial traz abafando o ruído da azáfama do tilintar do cobre que tudo compra, mas nada valoriza. Atento o Rei, ao homem que pouco tem, mas que de coração ínfimo de amor possui, atento ao que divide e partilha mesmo o que nada tem.
Na lareira cresce o sol, embrulhado num manto de resina, o pinheiro cheira em todo o seu esplendor o aroma puro da simplicidade. Na rua caminha o só, aquele que esquecido por todos foi, mas que aos olhos do Rei ao seu amor pertence.
A luz avança, tornando o sol pequenino, raios penetram no coração de poucos que iluminam outros tanto.
A noite finda e apenas em muito poucos ela se torna permanente, permanente de poder para que a luz não morra.
RECEBIDA: CL
Vila do Conde, 27 de Dezembro de 2017